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Os chistes têm um lugar importante na psicanálise, sendo analisados por Sigmund Freud em sua obra seminal "Os Chistes e sua Relação com o Inconsciente". 

 

Neste artigo, exploraremos o significado dos chistes na psicanálise, as técnicas utilizadas por Freud para interpretá-los e sua relação com o inconsciente. 

 

Além disso, abordaremos o livro de Freud e suas piadas tendenciosas, buscando entender o humor e seu papel na análise psicanalítica.

 

O que são chistes para a psicanálise?

Na perspectiva psicanalítica, os chistes são muito mais do que simples piadas ou brincadeiras. 

 

Eles são manifestações do inconsciente, representando uma forma de expressão dos desejos, medos, conflitos e fantasias reprimidas do indivíduo. 

 

Os chistes podem revelar aspectos profundos da personalidade do paciente e oferecer pistas valiosas para o trabalho terapêutico.

 

A técnica do chiste para Freud

"Os Chistes e sua Relação com o Inconsciente" é uma das obras fundamentais de Freud, publicada em 1905. 

 

Neste livro, ele apresenta suas teorias sobre o humor, os chistes e a relação desses fenômenos com a mente humana.

 

Além disso, ele aponta que o chiste está baseado em seis técnicas básicas. Vamos conhecê-las uma a uma abaixo:

 

  • Condensação: Os chistes frequentemente contêm várias ideias ou significados condensados em uma única expressão, permitindo a expressão de conteúdos emocionais complexos de forma compacta.
  • Deslocamento: Nesta técnica, o chiste desloca o significado de uma palavra ou conceito para outro, permitindo a liberação de emoções sem que o conteúdo seja revelado diretamente.
  • Duplo sentido: Os chistes muitas vezes contêm uma ambiguidade ou duplo sentido, possibilitando a expressão de desejos reprimidos de maneira disfarçada.
  • Uso do mesmo material: Os chistes podem usar repetições, exageros ou inversões para criar humor a partir de material conhecido, trazendo à tona questões subjacentes.
  • Trocadilho ou chiste por semelhança: Explora a sonoridade ou semelhança entre palavras, ou expressões, permitindo que desejos inaceitáveis sejam revelados disfarçadamente.
  • Representação antinômica: Esta técnica apresenta elementos opostos ou contraditórios em uma mesma piada, abrindo espaço para a expressão de conflitos internos.

 

A tendência do chiste

A tendência do chiste refere-se à motivação do inconsciente que impulsiona sua criação. 

 

Os chistes tendem a liberar emoções reprimidas, aliviando a tensão psicológica. 

 

Nesse sentido, a perspectiva de Freud é dividido em dois tipos: o chiste inocente e o chiste tendencioso. 

 

No primeiro tipo, o humor vem da sagacidade e da inteligência da piada, não tendo intenções ocultas. 

 

Já o chiste tendencioso é motivado por impulsos hostis ou obscenos, servindo como uma forma de romper com a repressão social ou individual.

 

Outro fato importante de analisar aqui é que os chistes tendenciosos frequentemente incluem declarações satíricas ou irônicas, direcionadas a figuras de poder, ideologias, credos, entre outros. 

 

Esse tipo de piada provoca prazer naqueles que a ouvem, pois parece quebrar normas e tabus socialmente estabelecidos.

 

O chiste e a repressão

Os chistes são veículos para a expressão do conteúdo reprimido. 

 

O inconsciente encontra no humor uma maneira segura de revelar desejos e pensamentos que seriam inaceitáveis em outras formas de comunicação. 

 

Isso porque o chiste atua como um mecanismo para lidar com tensões e desprazeres causados por essa repressão social, cultural ou individual.

 

Ao contar uma história engraçada, parte da tensão reprimida é liberada, permitindo que desejos e conteúdos inconscientes sejam expressos de forma disfarçada.

 

Sendo assim, por meio do chiste, o paciente pode se expressar de forma indireta, evitando a censura consciente.



Os Chistes e sua Relação com o Inconsciente

Freud viu nos chistes uma manifestação do funcionamento do inconsciente, acreditando que a elaboração de piadas é semelhante ao processo de sonhar

 

Ambos envolvem o trabalho do inconsciente para transformar desejos e pensamentos proibidos em formas socialmente aceitáveis.

 

Assim sendo, os chistes compartilham semelhanças com os sonhos em termos de condensação, deslocamento, simbolismo e criação de cenários irreais. 

 

Esses processos têm o objetivo de satisfazer desejos inconscientes e lidar com questões emocionais não resolvidas.

 

Piadas Tendenciosas: o que é isso? 

O livro de Freud contém várias piadas que ilustram as técnicas e as motivações psicológicas subjacentes aos chistes. Freud distingue-as entre piadas inocentes e piadas tendenciosas. 

 

As piadas inocentes são aquelas que não possuem um sentido mais profundo e são responsáveis apenas por um riso moderado, muitas vezes devido ao seu conteúdo intelectual. Um exemplo disso são as piadas rápidas de "toc toc". 

 

Por outro lado, as piadas tendenciosas são aquelas que provocam uma explosão de riso, e Freud percebeu que não poderia ignorá-las em sua pesquisa devido à sua relevância na compreensão do humor humano.

 

Essas piadas revelam aspectos profundos do inconsciente, demonstrando a eficácia do humor na comunicação indireta de questões emocionais.

 

Segundo Freud, o fato de ambos os tipos de piadas compartilharem a mesma técnica torna o chiste tendencioso irresistível. 

 

Dessa forma, o humor das piadas tendenciosas deriva tanto da técnica quanto do conteúdo expresso por elas. 

 

Nesse sentido, essas piadas têm um objetivo específico, que é a satisfação de desejos inconscientes. 

 

Enquanto as piadas inocentes têm graça na sua forma, as piadas tendenciosas vão além, revelando os conteúdos reprimidos do inconsciente.

 

Como entender as piadas tendenciosas?

A análise das piadas tendenciosas do livro de Freud revela a complexidade do humor e sua capacidade de lidar com questões psicológicas profundas. 

 

Essas piadas são uma expressão do inconsciente, permitindo que pensamentos e desejos inaceitáveis encontrem uma saída.

 

Desse modo, elas servem como um veículo para expressar aquilo que não seria facilmente acessado pela consciência de outra forma. 

 

Essa função é semelhante à do sonho, que também opera com uma linguagem simbólica e permite a expressão de desejos e pensamentos reprimidos.

 

Além disso, as piadas tendenciosas podem abordar assuntos de cunho sexual, por exemplo, que são tabus ou difíceis de discutir abertamente. 

 

O humor dessas piadas provoca risos porque toca em desejos reprimidos e conteúdos psicológicos sensíveis. 

 

Como resultado, o riso é uma forma de liberar a tensão associada a essas questões, permitindo ao indivíduo lidar indiretamente com seus desejos inconscientes.

 

Como um psicanalista pode aplicar esse conceito nos atendimentos?

Como psicanalista, o estudo dos chistes (ou piadas) pode fornecer insights valiosos sobre o funcionamento mental do paciente e suas dinâmicas inconscientes.

 

Aqui estão algumas maneiras pelas quais um psicanalista pode entender e aplicar técnicas relacionadas aos chistes em relação ao paciente:

 

1) Análise do conteúdo do chiste

O psicanalista pode analisar o conteúdo do chiste contado pelo paciente para identificar temas e símbolos recorrentes que podem estar relacionados aos conflitos inconscientes ou traumas passados do paciente. 

 

Pois a interpretação do chiste pode levar a uma maior compreensão das questões emocionais subjacentes.

 

2) Identificação de mecanismos de defesa

Os chistes frequentemente utilizam mecanismos de defesa como a dissociação, a projeção ou a negação para tornar aceitáveis questões emocionalmente carregadas. 

 

Dessa maneira, ao analisar os chistes, o psicanalista pode identificar esses mecanismos de defesa e ajudar o paciente a reconhecê-los e lidar com eles de maneira mais saudável.

 

3) Revelação de conflitos inconscientes

Além disso, os chistes podem oferecer pistas sobre desejos, medos e conflitos inconscientes do paciente. 

 

Quando você explora as razões por trás da escolha de determinados chistes, pode ajudar o paciente a acessar conteúdos reprimidos e trabalhar em questões não resolvidas.

 

4) Exploração de relações interpessoais

Frequentemente, os chistes envolvem relações sociais e dinâmicas interpessoais. 

 

Com isso, discutindo os chistes que o paciente conta ou encontra, você pode explorar as relações do paciente com os outros e sua visão de si mesmo dentro do contexto social.

 

5) Expressão de afetos reprimidos

Os chistes podem ser uma forma disfarçada de expressar emoções que o paciente se sente inseguro em mostrar diretamente. 

 

Ao identificar os sentimentos por trás dos chistes, o psicanalista pode ajudar o paciente a encontrar meios mais diretos e assertivos de expressar suas emoções.

 

6) Resolução de traumas através do humor

O humor pode ser uma ferramenta poderosa para lidar com traumas e aliviar a tensão emocional. 

 

Se entender os chistes como mecanismos de enfrentamento, você  pode incentivar o paciente a utilizar o humor de forma saudável como uma maneira de lidar com experiências traumáticas.

 

Conclusão

Como você pôde ver aqui, os chistes desempenham um papel importante na psicanálise, oferecendo uma janela para o inconsciente e facilitando o processo terapêutico.

 

Por meio do humor, é possível abordar questões profundas de maneira indireta, permitindo a exploração de desejos reprimidos e emoções complexas. 

 

O estudo dos chistes na psicanálise, como realizado por Freud, continua sendo uma ferramenta valiosa para a compreensão da mente humana e dos mecanismos psicológicos que governam nosso comportamento e pensamento.

 

Portanto, se você é ou deseja ser um psicanalista precisa aprender não só sobre isso, mas sobre outros conceitos relevantes para um atendimento de qualidade. 

 

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