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A angústia é uma emoção humana complexa que permeia a experiência de muitos indivíduos. 

 

Na área da psicanálise, compreender a angústia é fundamental para o entendimento do mundo interno do paciente. 

 

Neste artigo, mergulharemos no conceito de angústia e exploraremos sua importância na teoria psicanalítica. 

 

O que significa o conceito de Angústia na Psicanálise?

A angústia, na perspectiva psicanalítica, é uma emoção primordial que emerge quando o indivíduo é confrontado com situações ameaçadoras ou eventos traumáticos.

 

Ela difere do medo, que é uma resposta direta a um perigo real e iminente. 

 

A angústia, por sua vez, é uma resposta a perigos internos, muitas vezes relacionados a conflitos inconscientes.

 

Angústia para Freud

Para Freud, a angústia é uma emoção fundamental e inerente à experiência humana. 

 

Ele descreveu diferentes formas de angústia ao longo de sua obra, destacando duas principais: angústia realista e angústia neurótica.

 

1. Angústia Realista

Freud descreve a angústia realista como uma resposta a uma ameaça real e iminente no mundo externo. 

 

Sendo assim, é uma reação adaptativa diante de perigos tangíveis, como situações perigosas, traumas físicos ou ameaças à integridade física. 

 

A angústia realista tem uma função protetora, alertando o indivíduo para se afastar de uma situação perigosa ou agir para garantir sua sobrevivência.

 

2. Angústia Neurótica

Por outro lado, Freud também se dedicou ao estudo da angústia neurótica, que difere da angústia realista. 

 

A angústia neurótica não está diretamente relacionada a uma ameaça externa visível, mas surge como resultado de conflitos internos e processos inconscientes. 

 

Essa angústia é desproporcional à situação real e muitas vezes não pode ser explicada racionalmente.

 

Freud argumentava que a angústia neurótica está relacionada à presença de conteúdos reprimidos no inconsciente. 

 

Esses conteúdos, como desejos proibidos ou traumas não resolvidos, podem ressurgir na consciência de maneira disfarçada e causar angústia.

 

A angústia neurótica pode ser desencadeada por estímulos aparentemente triviais ou situações cotidianas que, simbolicamente, evocam conteúdos inconscientes perturbadores.

 

Além disso, Freud também destacou o papel do superego na geração de angústia. O superego representa o sistema moral internalizado, composto por regras e normas sociais. 

 

Desse modo, a angústia pode surgir quando o superego critica severamente o ego por ações consideradas moralmente erradas ou inaceitáveis, gerando um sentimento de culpa e medo de punição.

 

Freud considerava que a angústia neurótica poderia ser explorada e trabalhada na análise psicanalítica. 

Ao trazer os conteúdos inconscientes à consciência, a angústia poderia ser reduzida e o sujeito poderia encontrar formas mais saudáveis de lidar com os conflitos internos.

 

Angústia para Lacan

Já Lacan aborda a angústia de uma maneira peculiar e característica de sua teoria psicanalítica.

 

Para ele, a angústia não está ligada a uma ameaça real externa, mas sim a uma falta fundamental na estrutura psíquica do sujeito

 

Nesse sentido, Lacan acreditava que a angústia não é uma resposta a algo específico, mas uma reação diante da própria existência do sujeito.

 

Segundo o psicanalista, a angústia está ligada à experiência do sujeito com o que ele chamou de "real". 

 

O "real" é aquilo que escapa à simbolização e às construções imaginárias ou simbólicas que usamos para dar sentido ao mundo. 

 

É uma dimensão que não pode ser completamente representada pela linguagem ou por conceitos.

 

A angústia surge, então, quando o sujeito se depara com a falta de um significante, um ponto de referência estável que lhe dê segurança e identidade. 

 

É uma sensação de vazio e indefinição, uma percepção de que algo essencial está faltando. Essa falta é intrínseca à condição humana e pode gerar um profundo desconforto emocional.

 

Lacan descreve a angústia como um afeto que surge quando a demanda do Outro, geralmente representada pela figura materna na infância, não pode ser totalmente satisfeita. 

 

Essa falta de resposta adequada à demanda do sujeito gera uma sensação de insegurança e incerteza, manifestando-se como angústia.

 

Além disso, Lacan introduz o conceito de "objeto a" para descrever um objeto perdido e inatingível que é central na angústia. 

 

Esse objeto é uma representação simbólica do desejo inalcançável do sujeito. 

A angústia está relacionada à busca desse objeto perdido e à constatação de que ele nunca pode ser completamente recuperado.

 

Dessa forma, Lacan concebe a angústia como uma experiência intrínseca à existência humana, relacionada à falta e à impossibilidade de plenitude. 

 

É uma emoção que não pode ser evitada ou superada completamente, mas pode ser compreendida e trabalhada através do trabalho analítico, permitindo ao sujeito lidar melhor com a falta fundamental que permeia sua vida psíquica.

 

Como saber se estou angustiado?

Durante as sessões de psicanálise, é comum observar manifestações da angústia nos pacientes. 

 

Enquanto psicanalista, perceba que essas manifestações podem variar desde sensações físicas, como palpitações e sudorese, até sintomas psicológicos, como pensamentos recorrentes de perda ou preocupação intensa

 

É papel do psicanalista acolher e explorar essas manifestações, buscando desvendar as raízes da angústia.

 

Alguns exemplos que você pode encontrar são:

 

  • Um paciente que relata sentir um aperto no peito e dificuldade para respirar quando se depara com situações sociais desafiadoras;
  • Uma pessoa que experimenta angústia diante de decisões importantes, sendo paralisada pela sensação de que qualquer escolha trará consequências negativas;
  • Indivíduos que enfrentam angústia diante da ideia de perda, seja de um ente querido, de uma oportunidade ou mesmo da própria identidade.

 

A Importância do psicanalista na Compreensão da Angústia

Na terapia psicanalítica, o psicanalista busca auxiliar o paciente a explorar suas emoções angustiantes e entender suas causas profundas. 

 

Por meio de técnicas como a livre associação, interpretação dos sonhos e análise dos lapsos de linguagem, o terapeuta ajuda o paciente a acessar seu mundo interno e reconhecer os conflitos inconscientes subjacentes.

 

Veja como cada uma dessas técnicas podem ajudar:

  • A livre associação permite que o paciente expresse seus pensamentos e sentimentos sem censura, revelando conteúdos que podem estar associados à angústia;
  • A interpretação dos sonhos oferece insights sobre os desejos e medos inconscientes que podem gerar angústia;
  • A análise dos lapsos de linguagem revela os conteúdos inconscientes que surgem inadvertidamente durante a fala do paciente, fornecendo pistas importantes sobre a angústia.

Conclusão

A angústia desempenha um papel crucial na psicanálise, sendo uma emoção complexa que pode se manifestar de diferentes formas na vida dos indivíduos. 

 

Ao explorar esse conceito, os psicanalistas podem auxiliar seus pacientes a compreenderem melhor suas emoções e a encontrarem caminhos para lidar com seus conflitos internos. 

 

A psicanálise busca transformar a angústia, ajudando o paciente a se tornar mais consciente de seus conflitos e a desenvolver mecanismos saudáveis de enfrentamento. 

 

Ao compreender as origens da angústia e trabalhar em direção à resolução dos conflitos, o indivíduo pode alcançar uma maior liberdade emocional e uma melhoria na qualidade de vida.

 

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