A Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA) criou o projeto Ubuntu há três anos, com o objetivo de ampliar a presença de negros e indígenas nos estudos na área.
O projeto, que é inspirado na filosofia africana que preza o coletivo e a solidariedade com o outro, já está no seu terceiro ano e conta com dois bolsistas em formação.
Em fevereiro, o projeto Ubuntu foi reconhecido com um prêmio da Associação Internacional de Psicanálise (IPA), órgão que reúne todas as sociedades psicanalíticas do mundo, por buscar a inclusão de colegas negros e nativos, além de conscientizar sobre o racismo.
SBPdePA busca doações financeiras para ampliar a oferta de bolsas integrais
Os selecionados para o projeto têm isenção total na formação com os psicanalistas da SBPdePA nos dois primeiros anos, sem precisar pagar pelos seminários, pela própria análise e pela supervisão.
Nos últimos três anos de estudos, começa uma contribuição mensal de 5%, 10% e 15% do valor da bolsa, feita gradativamente, até a conclusão.
Neste período, o bolsista já estará atendendo no Centro de Atendimento da SBPdePA e recebendo por isso.
Os organizadores buscam doações financeiras para ampliar a oferta de bolsas integrais.
O primeiro bolsista ingressou em 2021 e o segundo em 2022, e ambos seguem em formação. O próximo edital para seleção deve abrir em julho.
Para conseguir ampliar a oferta de vagas, a SBPdePA conta com doações financeiras de quem acredita no projeto.
Interessados podem entrar em contato pelos telefones (51) 3333-6857 ou (51) 9 9998-1888.
Há somente um psicanalista negro em mais de três décadas de atuação
Conhecida como uma das entidades psicanalíticas mais tradicionais do Estado, com mais de três décadas de atuação, a SBPdePA tem apenas um psicanalista negro, Ignácio Paim Filho.
Foi ele que, em 2020, constatou a ausência de diversidade racial entre analistas que seguem o método de investigação da mente desenvolvido por Sigmund Freud.
Formação de psicanalistas negros e indígenas é essencial para atender pacientes de diferentes etnias
Eliane Nogueira, primeira coordenadora do projeto Ubuntu, destaca a importância da diversidade na psicanálise.
Segundo ela, incentivar negros e indígenas a atenderem em consultórios de psicanálise é uma forma de garantir que pacientes de diferentes etnias sejam melhor compreendidos em suas angústias e perspectivas de vida.
A diversidade é fundamental para abrir um campo de possibilidades e ampliar a compreensão do inconsciente humano.